Cirurgia de Coronária

Revascularização do Miocárdio

O que é Revascularização do Miocárdio?

A cirurgia de revascularização do miocárdio, muito conhecida como ponte de safena, teve sua criação há cerca de 50 anos, nos EUA, pelo Renê Favaloro, cirurgião argentino. Nos dias atuais, trata-se da cirurgia mais estudada na história da medicina.
O objetivo deste procedimento é melhorar o fluxo sanguíneo para o coração em pessoas que possuam obstruções graves nas artérias coronárias, responsáveis pela nutrição do coração.
Esta cirurgia utiliza veias ou artérias sadias das pernas, braços ou tórax do paciente para se formar um caminho alternativo para o sangue. Estas são chamadas de pontes, por redirecionarem o sangue para uma área da coronária situada após o segmento obstruído. Deste modo, é possível desviar do bloqueio das coronárias restituindo o fluxo normal de sangue para o coração.
É utilizada no tratamento de insuficiência coronariana, doença que se representa no entupimento progressivo das artérias coronárias por placas de ateroma causadas por diversos motivos, como: fumo, diabetes, hipertensão colesterol alto, tendência familiar, stress, entre outros fatores de risco.

miocardio

Como é feita a cirurgia de Coronária?

Este procedimento cirúrgico requer anestesia geral e tem duração de cerca de 3 a 6 horas. Tradicionalmente, o profissional faz uma incisão longo no centro todo tórax e alcança o coração através do esterno. Posteriormente a esta abertura, é utilizada uma medicação fazendo com que o coração pare o seu funcionamento de forma temporária e a máquina de circulação extracorpórea assume o papel da circulação e oxigenação do sangue, atuando como substituto do coração e dos pulmões no período de implante das pontes. Ao final do procedimento, o cirurgião restabelece os batimentos cardíacos e desconecta o paciente da máquina. São colocados fios de marcapasso – eletrodos – temporários no coração para o tratamento de possíveis arritmias e são deixados temporariamente drenos especiais para eliminação de sangue na cavidade torácica. O osso do tórax é então fechado com o auxílio de um fio de aço que irá permanecer no organismo após a cicatrização.

Novas técnicas cirúrgicas foram desenvolvidas para minimizar o desconforto e os riscos da cirurgia cardíaca tradicional:

Cirurgia minimamente invasiva: Nesta técnica, o cirurgião tem acesso ao coração por meio de pequenas incisões entre as costelas ou uma incisão parcial do esterno, é muito utilizado o auxílio de imagens de uma câmera que ajuda numa visão ampliada do órgão.

Cirurgia sem circulação extracorpórea: Esse procedimento possibilita que a cirurgia seja realizada com o coração batendo através de aparelhos responsáveis pela estabilidade da área trabalhada pelo cirurgião.

Estas novas técnicas não são indicadas para todos os pacientes e além disso, é necessário um treinamento especial do cirurgião e do hospital, bem como uma estrutura tecnológica adequada.

Quais são os benefícios da cirurgia de Coronária?

A cirurgia de revascularização é uma das vertentes de tratamento para pacientes com artérias coronárias bloqueadas, bem como a angioplastia com implante de stents. O tratamento com medicações e alterações no estilo de vida para controlar fatores de risco é indicado para todas os pacientes que possuam placas de colesterol, já que auxiliam na redução de risco de complicações como infarto e AVC, e chance de progressão das placas.

Normalmente, a cirurgia de revascularização é indicada nas seguintes situações:

A decisão sobre o melhor tratamento – a cirurgia de revascularização ou a angioplastia com implante de stent – é um processo complexo e que requer o auxílio do cardiologista clínico, do cardiologista intervencionista e do cirurgião cardíaco. O entendimento das preferências e expectativas do paciente é essencial para a escolha sobre a melhor estratégia a se adotar.

Quais são os riscos da cirurgia de Coronária?

A cirurgia de revascularização do miocárdio é segura e normalmente os riscos de complicação é baixo, tendo em conta a saúde do paciente antes da cirurgia e se a cirurgia será eletiva ou urgente. Questões de saúde como diabetes, insuficiência renal, enfisema, obstruções das artérias do cérebro e das pernas podem aumentar o risco de complicações cirúrgicas. A expertise da equipe de cirurgia e o treinamento da equipe hospitalar nos cuidados pós-operatório são essenciais para se atingir bons resultados.
Dentre as possíveis complicações do procedimento, estão: sangramento, arritmias cardíacas, AVC, infecções e disfunção dos rins.

Qual o preparo necessário para a cirurgia de Coronária?

O cirurgião e a equipe hospitalar devem fornecer informações detalhadas sobre o preparatório da cirurgia.
Deve-se para de fumar um mês antes da cirurgia, isso diminui a quantidade de secreção respiratória, além do risco de infecções e auxilia na recuperação pós operatória.
Para alguns pacientes pode ser indicado o uso de suplementos alimentares para melhorar sua nutrição;
Medicações que afinam o sangue, como aspirina e anticoagulantes devem ser suspensos antes do procedimento.
Antes do seu procedimento, o banco de sangue irá contatá-lo para obtenção de doadores. É essencial a colaboração do paciente e seus familiares para garantir o preparo de bolsas de sangue e derivados, para o caso de necessidade durante a cirurgia.
Não é permitida a ingestão de alimentos ou líquidos a partir da meia noite do dia da cirurgia.

Como será minha recuperação?

Após a cirurgia, o paciente é levado até a UTI cardiovascular para iniciar a primeira fase da recuperação. Conforme o paciente desperta da anestesia, algumas horas depois, e começa a respirar sozinho, será removido o tubo conectado aos pulmões, para a respiração sem aparelhos;
Dois ou três drenos estarão ligados ao tórax do paciente com o objetivo de remover ar e resíduos de sangue da cirurgia. Após 24 a 48 horas os drenos são retirados pelo cirurgião;
O paciente será orientado a respirar fundo e colaborar com os fisioterapeutas para prevenir o acúmulo de secreção e ajudar na expansão dos pulmões;
Será colocada uma faixa elástica ao redor do tórax para preservar a estabilidade e cicatrização correta;
O paciente já deverá, no dia seguinte ao procedimento, ser capaz de sentar na cama com as pernas pendentes e depois da retirada dos drenos, será orientado a levantar e caminhar;
Desconforto e dores no tórax podem ser comuns após o procedimento, por conta disso, analgésicos serão administrados. O paciente pode pedir medicações para dor, se sentir necessidade;
Na UTI, o paciente estará constantemente conectado a um monitor cardíaco e de oxigenação, permanecerá com um acesso venoso e realizará exames de Raio X e hemogramas diariamente;
Normalmente, após 48 horas o paciente sai da UTI e é encaminhado para o quarto onde dará continuidade na recuperação. Neste momento, uma alimentação adequada e os exercícios de fisioterapia motora e respiratória são essenciais para agilizar a reabilitação e retorno para casa.

O que acontece após a alta hospitalar?

O paciente normalmente recebe alta após 5 a 7 dias após a cirurgia. Nesse momento, o cardiologista clínico e o cirurgião irão fornecer informações sobre a dieta, atividades físicas e sexuais, cuidados com a cicatriz, medicações e momento do acompanhamento por consultas.
O paciente deve planejar para ter um acompanhante em casa no primeiro mês, já que pode ser necessário ajuda nas tarefas cotidianas. A recuperação total acontece entre a quarta e a sexta semana.
Todos os pacientes submetidos a cirurgias cardíacas são candidatos a participar de um programa para reabilitação cardíaca e respiratória. Com este programa, os pacientes alcançam uma recuperação física e emocional mais rápida e uma melhora notável na qualidade de vida.

Indicação da Cirurgia de Revascularização do Miocárdio
Hoje em dia, trabalhos importantes na literatura médica demonstram a eficácia da cirurgia coronária. É considerado o tratamento mais seguro e que possui o melhor resultado para os pacientes lesionados em mais de uma coronária ou que possuam múltiplas lesões. Além disso, é considerado tratamento padrão ouro nos pacientes que apresentam comprometimento na contratilidade do coração, assim como nos que possuem lesão de tronco de coronária esquerda.
Com a evolução da medicina atual, a cirurgia de revascularização do miocárdio apresenta baixa mortalidade e resultados muito eficazes em curto, médio e longo prazos.

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